Há quem diga que o problema de comer carne é moral: não teríamos o direito de matar para comer.
Mas, se você acha que basta parar de comer carne para acabar com a matança, está enganado. Há muito mais produtos no mercado que incluem animais mortos do que se imagina.
Para começar, boa parte da indústria de vestuário depende de animais. O couro, você sabe, é a pele de bichos abatidos. Para separar o fio de seda, é preciso ferver o bicho-da-seda. Além disso, filmes fotográficos e de cinema são recobertos por uma gelatina, retirada da canela da vaca. Ou seja, um vegano radical só faz fotografias digitais. Dos pés bovinos saem também substâncias usadas na espuma dos extintores de incêndio. O sangue do boi rende um fixador para tinturas, e a gordura dele acaba em pneus, plásticos, detergentes, velas e no PVC. Cremes de barbear, xampus, cosméticos e dinamite derivam da glicerina, substância que contém gordura bovina. A quantidade de medicamentos feitos com pedaços de gado, do pâncreas ao cordão umbilical, passando pelos testículos, é imensa.
Há um pouco das vacas também em vários produtos da indústria alimentícia – e não estamos falando só de bife à parmegiana. A gelatina deve a consistência ao colágeno arrancado da pele e dos ossos. Aliás, quase toda comida elástica contém colágeno – da maria-mole ao chiclete. Os queijos curados são feitos com uma enzima do estômago do bezerro. Além dos bovinos, vários outros animais são usados pela indústria de comida. Veganos devem ficar de olho nos rótulos e evitar dois corantes: coxonilha e carmin.
O primeiro, usado para tingir de azul, é feito de besouros moídos. O segundo, que pinta de vermelho, é composto de lesmas amassadas.
Texto: Dr Lucas Penchel e Stefani Rocha (Nutrição PUC Minas)