A fome oculta é um fenômeno pouco divulgado, mas, quando está em estágio avançado, deixa o organismo mais fraco e vulnerável a inflamações e infecções.
Trata-se de uma carência não explícita de um ou mais micronutrientes (vitaminas e sais minerais), a qual provoca alterações fisiológicas mínimas e não perceptíveis no exame clínico de rotina. Apesar disso, ela não está associada a enfermidades claramente definidas, como as observadas na desnutrição.
O problema se instala de forma imperceptível e silenciosa e, mesmo que não evolua para os estágios terminais, causa prejuízos à saúde, podendo comprometer várias etapas do processo metabólico e promover alterações no sistema imunológico, nas defesas antioxidantes e nos desenvolvimentos físico e mental.
A deficiência de micronutrientes é fator predisponente/agravante de diversas enfermidades crônicas, como doenças cardiovasculares, hipertensão arterial, diabetes mellitus, dislipidemia, obesidade, alguns tipos de câncer e osteoporose, entre outras.
Um estudo realizado recentemente na comunidade tribal de Santhal, no distrito de Godda, na Índia, mostrou que os alimentos tradicionais de comunidades indígenas podem ser explorados como um meio sustentável de combater a desnutrição. O trabalho científico teve como objetivo identificar esses alimentos e avaliar seu valor nutritivo e seu potencial papel no enfrentamento da fome oculta.
Concluiu-se que a comunidade estava bem ciente dos recursos alimentares indígenas em seu ambiente. É que mais de cem diferentes tipos de alimentos indígenas, incluindo um número de vegetais de folhas verdes foram reconhecidos, sendo que muitos deles eram fontes ricas de micronutrientes como cálcio, ferro, vitamina A, betacaroteno e folato.
Diante disso, estuda-se a possibilidade de maximizar a utilização de alimentos indígenas como estratégia sustentável de combate à fome oculta.
Texto: Dr. Lucas Penchel e Stefani Rocha (curso de nutrição da PUC Minas)
Referências:
http://epoca.globo.com/
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