Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), os maus-tratos na infância são definidos como os abusos a pessoas com menos de 15 anos no contexto de uma relação de responsabilidade, confiança ou poder. Entre os tipos de abuso estão a desatenção, a negligência ou a exploração comercial e sexual, os quais podem causar um dano à saúde, ao desenvolvimento ou à dignidade da criança.
Até o momento, os resultados de pesquisas de neuroimagem estrutural realizados foram inconsistentes para afirmar algo tão relevante. Mas um novo trabalho, publicado no “American Journal of Psychiatry” e levado a cabo por especialistas do King’s College de Londres e pela Fundação para a Pesquisa e a Docência (Fidmag) das Irmãs Hospitalares, proporcionou novos dados. “Os maus-tratos durante a infância atuam como um estressor grave e produzem uma cascata de mudanças fisiológicas e neurobiológicas que podem provocar alterações permanentes da estrutura cerebral”, conforme explica Sinc Joaquim Radua, investigador da Fidmag e único autor espanhol do trabalho.
E como as regiões cerebrais têm um desenvolvimento relativamente tardio, depois dos maus-tratos, sua disfunção poderia explicar o déficit afetivo e cognitivo que podem sofrer as pessoas com esse histórico.