A Síndrome Metabólica (SM) é um transtorno complexo representado por um conjunto de fatores de risco cardiovascular.
É usualmente relacionada à deposição central de gordura e à resistência à insulina, devendo sua importância ser destacada do ponto de vista epidemiológico, já que é responsável pelo aumento da mortalidade cardiovascular em 2,5 vezes.
Para o tratamento da obesidade, é necessário que o gasto energético seja maior que o consumo energético diário. Isso nos faz pensar que uma simples redução na quantidade de comida através de dieta alimentar é suficiente. No entanto, tem sido demonstrado que mudanças no estilo de vida, por meio do aumento da prática de atividade física e da reeducação alimentar, são o melhor tratamento.
Entretanto, se, por algum motivo, o obeso não pode atingir essa meta de exercícios, ele deve ser incentivado a realizar pelo menos a recomendação mínima de 150 minutos semanais, pois, mesmo não havendo redução de peso, haverá benefícios para a saúde.
Estudos transversais mostram menores níveis de insulina e maior sensibilidade à insulina em atletas quando estes são comparados a seus congêneres sedentários. Atletas másteres parecem ser protegidos contra a deterioração da tolerância à glicose associada ao envelhecimento. Entretanto, pouco tempo de atividade física está relacionado à baixa sensibilidade à insulina, e alguns dias de repouso estão ligados ao aumento da resistência à insulina.
Alguns trabalhos desenvolvidos sobre o assunto apontam que uma única sessão de exercício físico aumenta a disposição de glicose mediada pela insulina em sujeitos normais, em indivíduos com resistência à insulina parentes de primeiro grau de diabéticos do tipo 2, em obesos com resistência à insulina, bem como em diabéticos do tipo 2. Além disso, o exercício físico crônico melhora a sensibilidade à insulina em pessoas saudáveis, em obesos não diabéticos e em diabéticos dos tipos 1 e 2.
A prática de atividade física também tem sido considerada uma importante ferramenta no tratamento de quem tem diabetes do tipo 2. Programas de exercício físico têm proporcionado resultados eficientes no controle glicêmico de diabéticos, melhorando a sensibilidade à insulina e a tolerância à glicose e diminuindo a glicemia sanguínea desses indivíduos.
Sugere-se que o efeito gerado pelo exercício aeróbio sobre a pressão arterial deve-se mais à última sessão de exercício do que às adaptações cardiovasculares ao treinamento. De acordo com isso, estudo realizado por nosso grupo de pesquisa demonstrou que indivíduos hipertensos tiveram redução na monitoração ambulatorial da pressão arterial durante 24 horas (Mapa 24h) realizada logo após a última sessão de exercício, o que não se observou quando ela foi feita 72 horas depois da última sessão.
Apesar de estudos acerca do efeito do exercício físico sobre o perfil de lipídios e lipoproteínas em pessoas com síndrome metabólica serem escassos, considerando-se as evidências acima e o fato de que o exercício amplia a habilidade do tecido muscular de consumir ácidos graxos e aumenta a atividade da enzima lípase lipoprotéica no músculo, é provável que o exercício físico seja eficaz na melhoria do perfil de lipídios e lipoproteínas em indivíduos com síndrome metabólica.
Embora haja um efeito benéfico da atividade física sobre a prevenção e o tratamento de doenças, sabe-se que o risco relativo de ocorrer um evento cardiovascular ou uma lesão musculoesquelética durante a prática de exercício físico é maior do que em atividades habituais. Com isso, alguns cuidados devem ser tomados em relação à prática de atividade física pelo paciente com síndrome metabólica, que deve procurar um profissional formado para obter mais esclarecimentos sobre cada caso especifico.
Referência:
http://www.scielo.br/scielo.php…
Texto: Dr Lucas Penchel e Stefani Rocha (estagiária do curso de nutrição pela PUC Minas)